2 de outubro de 2010

Os Moedeiros Falsos

"- O egoísmo também não. E é isso o que não sabe... Queriam nos fazer acreditar que não existe para o homem outra fuga do egoísmo além de um altruísmo ainda mais horrível! Quanto a mim, considero que, se há algo mais desprezível do que o homem, e mais abjeto, são muitos homens. Nenhum raciocínio poderia convencer-me de que a soma de unidades sórdidas possa dar um total delicado. Não entro num bonde ou num trem sem desejar um belo acidente que reduza a farinha todo aquele lixo vivo. Oh! Eu inclusive, é claro. Nem numa sala de espetáculos sem desejar a queda do lustre ou o estouro de uma bomba, e, como eu deveria explodir junto, de boa vontade a levaria debaixo do paletó, se não me reservasse coisa melhor. Dizia?..."

GIDE, André, 1869-1951. Os Moedeiros Falsos (Les Faux-Monnayeurs), França, 1925.

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