30 de outubro de 2011

Ulisses

"Marido cambaleando de bebedeira, tresandando a botequim como gambá. Ter isso nariz adentro no escuro, baforadas de ressaca de pileque. Depois perguntam pela manhã: eu estava bêbado de noite? Má política entretanto culpar o marido. Brotam como frangotes em poleiros. Ligam-se uns depois dos outros como cola. Talvez culpa da mulher também. Aí é que Molly soube tirar o corpo. É o sangue do sul. Moura. Também a forma, a aparência. Mãos palpavam pela opulência. E comparar por exemplo com essas outras. Mulher trancada em casa, esqueleto em armário. Permita-me apresentar minha. Então te põem pela frente uma espécie de indefinido, não se saberia como chamar. Ver o ponto fraco de um sujeito sempre na mulher dele. O fato é que é o destino, enrabicham-se. Têm seus próprios segredos entre si. Sujeitos que estariam na desgraceira se certas mulheres não tomassem conta deles. Daí essas mocetonas petulantes da altura de varapaus com miúdos maridinhos. Deus os faz e Ele os junta. As vezes os filhos até que saem bem. Duas vezes nada faz um. Ou velho ricaço de setenta com noivinha ruborizada. Quem em maio casa em dezembro se arrasa."

JOYCE, James, 1882-1941. Ulisses, Irlanda/França, 1922.