27 de novembro de 2011

O Banheiro

"Existem duas maneiras de olhar a chuva cair, na minha casa, detrás de uma vidraça. A primeira é mantendo o olhar fixado num ponto qualquer do espaço e vendo a sucessão da chuva no lugar escolhido; esta maneira descansa o espírito mas não dá nenhuma idéia sobre a finalidade do movimento. A segunda, que exige da visão mais flexibilidade, consiste em seguir com os olhos a queda de uma só gota de cada vez, desde a sua entrada no campo de visão até a dispersão de sua água no solo. Assim é possível realizar que o movimento, por mais fulgurante que seja na aparência, tende essencialmente à imobilidade, e em conseqüência, por mais lento que possa às vezes parecer, arrasta continuamente os corpos para a morte, que é imobilidade. Olé."

TOUSSAINT, Jean-Philippe, 1957. O Banheiro (La Salle de Bain), Bélgica/França, 1985.