24 de setembro de 2009

Tônio Kroeger

"Nesta noite levou consigo sua imagem, com a loura e grossa trança, com os olhos azuis, oblíquos e risonhos, com um selim de sardas, delicadamente marcado, sobre o nariz, e não conseguiu dormir porque ouvia o som de sua voz, tentava baixinho imitar a entonação com a qual pronunciava a palavra e ao fazê-lo sentia-se arrepiar. A experiência fê-lo saber que era o amor, apesar de ter certeza que o amor deveria trazer-lhe muita dor, tormentos e humilhações, e que além disso destruía a paz e deixava o coração transbordar com melodias sem que se encontrasse sossego para dar forma a alguma coisa e tranqüilamente forjar uma peça inteiriça. Assim mesmo aceitava-o, entregava-se completamente e zelava por ele com as forças de sua alma, pois sabia que o amor enriquecia e dava vida e ele ansiava por ser rico e vivo em vez de na tranqüilidade forjar algo concreto..."

MANN, Thomas. Tônio Kroeger, Alemanha, 1903.

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