29 de setembro de 2019

O Cânone Ocidental

"Falstaff, no maravilhoso curso de seu destino nos palcos, provocou um coro de moralização. Alguns dos melhores críticos e especuladores foram particularmente ferinos; entre os epítetos, estão 'parasita', 'covarde', 'fanfarrão', 'corruptor', 'sedutor', além dos simplesmente palpáveis 'glutão', 'pau d'água' e 'putanheiro'. Meu julgamento favorito é o 'um velho apalermado e repugnante' de George Bernard Shaw, uma reação que atribuo à secreta percepção de Shaw de que não podia igualar-se a Falstaff em humor, e portanto não podia preferir sua própria mente à de Shakespeare com exatamente a mesma facilidade e confiança que tão freqüentemente afirmava. Shaw, como todos nós, não podia enfrentar Shakespeare sem uma compreensão antiética a si mesma, o reconhecimento da estranheza e familiaridade ao mesmo tempo."

BLOOM, Harold. 1930-. O Cânone Ocidental - Os Livros e a Escola do Tempo. 2ª edição. Rio de Janeiro, Ed. Objetiva: 1995, pág. 55.

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